29/05/2025
➡️Sobre o tema da atualidade: interrupção voluntária da gravidez.
Vocês sabem que não costumo me pronunciar por aqui sobre temas que provoquem mais raiva e dor do que aquela que já está a ser manifestada, mas sou mulher e não me posso calar.
Ninguém sabe o que é perder um filho a não ser quem já tenha passado por isso. Eu já passei.
Ninguém sabe o que é passar uma gravidez sozinha, sem apoio, a não ser quem passou. Eu passei.
Ninguém sabe o quanto é difícil decidir se continua ou não para a frente com a gravidez, a não ser que passe por isso. Eu passei.
Ninguém sabe o quanto é difícil para a mulher expulsar um filho sem vida, a não ser que já o tenha feito. Eu sei.
Ninguém sabe o quanto é difícil ser submetida a uma ivg. Felizmente eu não sei, mas ouço várias mulheres que já o fizeram e que ainda hoje estão traumatizadas.
Ninguém toma de ânimo leve esta decisão. NINGUÉM.
Ao ler certos stories e publicações nas redes sociais tomo consciência de que o ódio vem de quem quer mandar na vida destas mulheres, e que nunca passou por esta situação.
Quem fala fala sem saber. Fala sem sentir de verdade, fala sem compaixão, sem amor.
Eu sou a favor da vida, sou uma apaixonada por crianças, especialmente a minha filha. Mas tambem sou a favor da compaixão, do respeito, do amor, da liberdade que cada uma de nós, MULHERES, temos em decidir sobre a nossa vida e o nosso corpo.
Toda a gente é livre de dar opinião, mas antes de a darem conversem com alguém que já passou por uma interrupção de gravidez, seja voluntária ou não.
Culpar mulheres que estão vulneráveis e em dor só mostra a ferida que vocês possuem acerca de vocês mesmos.
Se se sentiram rejeitados, abandonados, traídos, humilhados na vossa infância é com os vossos pais que têm que fazer as pazes, e não destilar ódio para cima de quem não vos pediu a opinião.
, com todo o respeito que tenho por si e que também sei que tem por mim, os 20 milhões fazem sentido para apoiar as mulheres que querem prosseguir com a gravidez mas não se sentem apoiadas.Agora quererem obrigar mulheres a terem filhos indesejados e posteriormente traumatizados é demais para quem preza tanto a liberdade.