
01/08/2025
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Microquimerismo: células de outro ser dentro de nós
O microquimerismo é um fenómeno biológico em que um organismo alberga um pequeno número de células geneticamente distintas das suas. Este processo ocorre frequentemente durante a gestação, quando há troca celular bidirecional entre mãe e feto.
Microquimerismo fetal: células do feto atravessam a barreira placentária e podem permanecer nos tecidos maternos durante décadas — ou até toda a vida.
Microquimerismo materno: células da mãe também se integram no organismo do bebé em desenvolvimento.
🧠 Estas células alógenas já foram identificadas no cérebro, no coração, nos pulmões e na medula óssea — tanto em homens como em mulheres que nasceram de mães que tiveram múltiplas gestações.
⚖️ Implicações clínicas e científicas:
• Possível papel na modulação do sistema imunitário, com efeitos protetores ou desencadeadores de doenças autoimunes (ex. lúpus, esclerodermia).
• Potencial envolvimento na regeneração tecidular, como mecanismo de cura endógena.
• Relevância crescente em áreas como oncologia, obstetrícia, neurologia e psicossomática.
• Estudos apontam para possíveis correlações com eventos psicológicos profundos, nomeadamente em contextos de perda gestacional.
👉 Este fenómeno levanta questões fascinantes sobre identidade biológica, memória celular e as complexas interações entre corpo, genética e vínculos relacionais.
A ciência ainda está a explorar o alcance das consequências fisiológicas e psicossociais do microquimerismo. Mas uma coisa é certa: durante a gestação, não partilhamos apenas nutrientes — partilhamos células, traços e histórias.