Psicóloga Caroline Pinto

25/09/2023

Meu primeiro Encontro sobre o Pensamento de Winnicott não aconteceu por causa da pandemia. Os dois seguintes foram online. Finalmente, chegou o dia de arrumar as malas, viajar e estar corporalmente no congresso.

Desde o primeiro que participei ensaiava escrever e apresentar algum trabalho, porém a insegurança de principiante em meio a tantos nomes importantes falou mais alto. Mas, também chegou o dia de mostrar um pouquinho do meu fazer clínico.

Percebi que esse momento precisou ter acontecido onde eu me sinto em casa: no meu nordeste. O calor humano (e do sol!) e as águas do mar foram holding para que eu me sentisse "suficientemente" segura.

Retorno à minha casa com a bagagem cheia de conhecimentos e lembranças felizes. Emocionada estou de ter feito parte disso e agradeço a minha família pelo apoio e incentivo e aquelas que foram solo fértil, cuidado e inspiração para eu estar aqui hoje .macedo

E, se é em casa onde tudo começa, que esse seja só o começo de muitos encontros pelo Brasil afora.
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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

11/04/2023

“Eu também sou nutrida de outras coisas”

Marina chega na sessão e logo começa:
- Eu fui a uma consulta com uma nutricionista semana passada. Ela mediu peso, altura, subi numa balança especial. Mas, ela mal falou comigo, não fez perguntas, nem mesmo o porquê de eu estar indo ali.

Ela para, pensa um pouco e continua:
- O que me deixou... incomodada, indignada, sei nem dizer como me senti... foi que ela de cara me disse: “Você é desnutrida!”. Isso bateu muito forte em mim. Como assim ela estava me dizendo isso? Posso estar, sim, abaixo do peso considerado ideal, mas eu também sou nutrida de outras coisas. Eu sou uma pessoa muito viva, reparo em cada detalhe, sou presença constante no cotidiano. Me nutro de paisagens, sons, cheiros, arte, até mesmo de vazios! (Risos) Eu sou feliz nesse corpo, eu amo cada parte dele.

Ao indagar o que Marina fez com essa frase, ela diz:
- Ela até explicou que meu IMC estava abaixo do “normal” e que eu não poderia fazer dieta para perder peso, teria que manter o consumo de calorias ou até engordar. Mas, eu não me segurei e disse: “Quem você pensa que é para me dizer isso?”. Ela ficou estática, pálida, olhando para mim. Fiquei imaginando o que ela não fala para outros pacientes, quantas violências comete em uma simples frase. Eu só quis ir embora dali, e fui!

Essa fala de Marina reverbera em mim muito antes dela trazer isso em sessão. Desde a faculdade penso o quanto o conhecimento biologizante, científico e higienista está presente em nossas práticas de saúde. O quanto os profissionais de áreas da saúde e afins são desqualif**ados em cuidar de pessoas. O quanto reproduzimos discursos excludentes e preconceituosos. O quanto assumimos um lugar-poder de superioridade em achar que sabemos mais do que os próprios pacientes. O quanto achamos que nos é permitido aconselhar sobre suas vidas.

Marina, eu te entendo e me solidarizo a você e a tantas outras pessoas que passam por situações violentas cometidas por profissionais que deveriam acolher e ajudar. Eu também me nutro de afetos, muito mais do que nutrientes e calorias.

*Recorte de sessão fictício.
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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga – CRP 17/6153

23/03/2023

(A questão é não dar trabalho)

Em uma sociedade imediatista, as "soluções" mais fáceis são a melhor saída para um dia a dia em que se gasta menos tempo com atividades consideradas menos importantes.

Na vida podemos pensar em todas as etapas da vida. O número crescente de partos cesáreas, quando não há indicação. A família que oferece um tablet para a criança comer mais rápido. A comunicação por mensagens entre os jovens. A refeição pronta em um s**o. Até mesmo os encontros virtuais. E nem o cafezinho em cápsula escapa.

Assim, ocorre o mesmo fenômeno na Psicologia. A exigência de que as (os) profissionais resolvam todos os meus problemas sem que eu me implique, curem os meus sintomas em dez sessões, tratem dos meus traumas sem me afetar.

No fim, será mesmo que a busca do mundo moderno é pela praticidade? Parece-me que a questão é não dar trabalho!

| Reflexão inspirada em uma aula da Profa. Ivonise Fernandes da Motta na disciplina "Clínica Psicanalítica: novas tendências na atualidade" (USP).

Imagem: Pinterest
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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

09/03/2023

. . O tempo escapa entre as mãos . .

Na última sexta-feira estive em um encontro com a psicanalista Maria Rita Kehl, em que ela abordou sobre a atualidade das depressões, tema do seu livro “O tempo e o cão”, o qual eu não conhecia, mas estou bem curiosa para ler.

Em resumo, ela expôs que as depressões podem ser consequência da perda da dimensão da experiência advinda da aceleração do tempo, ou seja, na banalização dos rituais cotidianos - em vista de apenas cumprirmos tarefas - encontramos experiências vazias, sem efeitos. É a realidade massiva do dia a dia.

Esse momento me fez lembrar de que o “tempo” é conhecido meu! Ele foi tema do meu TCC na época da graduação. Em “O Discurso sobre a noção de tempo na Pandemia” me propus a investigar discursos das redes sociais acerca do tempo e analisar como a noção de temporalidade repercutiu entre os sujeitos no período pandêmico e de isolamento social (2020).

De forma breve, os resultados da pesquisa mostraram a confusão que a não demarcação do fim da pandemia causou, uma vez que para nos localizarmos no tempo é necessário um referencial (Ribot). Além disso, foi possível observar também - inclusive por eu estar vivenciando o mesmo na época - um esgotamento de tédio e sensação de perda de tempo, devido a aceleração da experiência da passagem do tempo (Bauman), que é caracterizada por um tempo dissipado em uma infinidade de episódios encadeados desordenadamente, ter sido interrompida bruscamente. Diante disso, nos vimos ensimesmados e desgastados psíquica e emocionalmente.

Ao trazer esse post, minha intenção é ser mais do que um ou um texto reflexivo-teórico, é um convite para

Desacelerar.

Parar.

Localizar no espaço-tempo.

Ritualizar.

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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

19/01/2023

"Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar."
Antônio Machado

Iniciando mais um ano, mais um ciclo. Geralmente, pensamos em metas e objetivos. Mas, diferentemente de anos passados, resolvi planejar menos e desejar mais.

O meu planejamento é ir em busca dos meus desejos, realizar vontades e sonhar sonhos grandes!

E vocês estão incluídos nisso! Vamos juntas?!

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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

19/09/2022

07/06/2022

Fiz e refiz essa legenda várias vezes. Montei a foto há semanas, porque me deu na telha essa inspiração, mas não sabia sobre o que ela traria de temática por aqui. Pensei se seria um bom post ou não.
..

Mal sabia eu que era justamente dessa foto e dessa legenda que eu precisava, e que antes mesmo de eu perceber, já estava falando sobre perfeição e perfeccionismo.
..

Às vezes, muitas vezes, é difícil de estar aqui nas redes, inspirada e inspirando. Nem essa pretensão eu tenho, embora cobrança haja de todos os lados!

Entretanto, o que eu quero te dizer e dizer a mim mesma é que para ser grande, basta estarmos por inteiro ♡

Essa sou eu na minha inteireza, que buscarei mostrar mais por aqui.

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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

06/05/2022

06/05. Aniversário de Sigmund Freud

Dia do Psicanalista

Referência:
FREUD. Sigmund. Obras completas. O início do tratamento (1913). Companhia das letras, volume 10.

28/04/2022

Uma vez escutei de uma pessoa que ela era contra tratamento psicológico infantil. Fiquei me perguntando o porquê.

Então, ela continou: quem deveria ir para terapia/análise, na verdade, são os pais.

A princípio, achei bem polêmica essa fala. Mas, devo confessar que até hoje lembro dela com uma pitada de concordância.

Na clínica, percebemos que as queixas destinadas às criancas, muitas vezes, são na realidade demandas dos pais que se revelam ao longo do tempo. Daí, a importância da transferência dupla: com a criança e com os responsáveis.

É fato que os pais/responsáveis não são os nosso pacientes quando atendemos ao público infantil e até mesmo adolescentes. Entretanto, esse enlace familiar pode proporcionar uma reorganização na família e mudanças nos vínculos e comportamentos dos pais.

Quando Winnicott fala sobre ajudarmos aos pais enquanto cuidamos de seus filhos, provavelmente, diz sobre os desdobramentos de se ouvir uma criança/adolescente dentro dessa relação. E, isso nem sempre é fácil para os pais!

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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

Referência da citação:
WINNICOTT, Donald Woods. A tendência antissocial (1956). In: ______. Da pediatria à psicanálise. São Paulo: Ubu, 2021, p. 502 - 516.

13/04/2022

Interrompemos os conteúdos de Winnicott para saudar o dia de hoje, aniversário de Jacques Lacan.

Lacan foi um médico que, inicialmente, orientou-se em direção à Psiquiatria. Depois, ao tornar-se analisando, passou a integrar a Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP). Embora, tenha tido contato com a psicanálise através do surrealismo.

Opondo-se aos pós-freudianos que promoveram a Psicologia do Ego, propõe um retorno a Freud. Seu caráter inovador na sua abordagem, seus temas e sua concepção da cura psicanalítica conduziram à cisões com a SPP e instâncias internacionais.

Utiliza-se da linguagem e da antropologia estrutural, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente, encaminha-se para a Lógica e para a Topologia.

Lacan foi um dos grandes intérpretes do texto freudiano, propondo resgatar a Psicanálise e dando surgimento à corrente lacaniana, com novas conceitualizações.

Admito que não sou uma grande leitora do autor, apesar das suas imensas contribuições à Psicanálise. Talvez, seja pelo fato dele nos ensinar, através de muita angústia, sobre o conceito de castração 😂 na nossa impotência diante do não entendimento da sua teoria e na impossibilidade de saber e dar conta de tudo.

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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

Referência da citação:
LACAN, Jacques. O seminário, Livro 17: O avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1992, p. 70.

05/04/2022

A célebre frase de Winnicott é muito conhecida, mas sua origem pouco falada e, às vezes, até desvirtuada da sua intenção inicial.

A frase da imagem aparece em um texto de 1963, denominado: “Comunicação e não-comunicação, levando a um estudo de certos opostos".

"[...] Eis aí um quadro de uma criança estabilizando um eu privado que não se comunica e, ao mesmo tempo, querendo se comunicar e ser encontrada. É um sofisticado jogo de esconder em que é uma alegria estar escondido mas um desastre não ser achado."

Sobre seu sentido, sugiro um artigo de Alfredo Naffah Neto, onde ele articula à lógica paradoxal da obra de Winnicott. Caso queira ler, pode me solicitar.

▫️Mas, para hoje, gostaria de saber de você: o que lhe vêm a mente quando sente essa frase?

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Caroline Pinto Paiva
Psicóloga - CRP 17/6153

Referência:
WINNICOTT, Donald Woods. Comunicação e falta de comunicação levando ao estudo de certos opostos (1963). In: ______. O ambiente e os processo de maturação: estudo sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artmed, 1982, p. 163 - 174.

01/04/2022

Estamos começando o mês de abril, o qual destinarei a trazer mais sobre Winnicott em celebração ao seu aniversário.

Para inaugurar esse momento, trago uma de suas frases mais marcantes para mim. Ela está na dedicatória do seu livro "O brincar e a Realidade".

Com ela podemos refletir sobre dois aspectos. O primeiro diz respeito ao trabalho do analista ser atravessado pela história do outro, pela escuta do sofrimento, pela teoria encarnada a cada sessão, permitindo-nos aprender sobre o paciente, sobre nós mesmos, sobre a relação entre paciente e analista, sobre o humano, sobre a vida.

O segundo é que o trabalho em Psicologia/Psicanálise não é voluntário. É, sim, o nosso meio de sustento. Por isso, cada vez mais discutimos acerca da clínica social e do valor - simbólico e monetário - do serviço prestado.

Vejo por aí, que ainda é difícil falarmos em preço, alguns têm, inclusive, dificuldade de cobrar, por pensarem que trata-se do sofrimento do outro. Mas também, o que precisamos fazer é nos colocar no lugar que nos cabe: profissional. Isso não diminuirá a importância e a delicadeza do nosso trabalho.

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Caroline Pinto Paiva
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28/03/2022

Vejo sempre alguém falar sobre a dor e o quanto ela pode nos transformar.

De fato, nada f**a igual após um grande sofrimento. Mas, isso não quer dizer que tal mudança será para melhor e que irá nos fortalecer.

Como diz Rubem Alves, por vezes, a dor nos embrutece, nos silencia, nos fecha.

Lidar com as dores não é tarefa fácil. Por isso, não cabe a nós julgarmos aqueles que estão em processo do sofrer.

Bem como, não naturalizemos a dor. Não a tornemos algo necessário para nossa evolução.

Às vezes (muitas das vezes), a gente só não quer sentir dor.

Se você passa por isso agora, sinta o meu acolhimento ♡

23/03/2022

Diante da grande diversidade de recursos lúdicos, entendo o desejo de utilizarmos vários, de propormos a cada sessão uma nova brincadeira e de termos o consultório cheio de jogos estruturados.

Mas, assim como na psicoterapia/análise de adultos, devemos respeitar o espaço da criança e o que é possível emergir dela.

Assim, precisamos ter ciência de que não adianta nos prepararmos antecipadamente com técnicas a serem utilizadas no atendimento. Cada encontro, sobretudo com crianças, é recheado de criatividade e com gostinho de imprevisibilidade.

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Caroline Pinto Paiva
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18/03/2022

O que seria uma posição reservada do analista? Já falei sobre a perspectiva de Freud por aqui, mas hoje completo com o pensamento de Figueiredo.

Podemos dizer que trata-se de uma presença especial do analista, a qual requer certa ausência, mas que seja convidativa, disponível e tenha como base a confiabilidade.

É a partir desta reserva de si que o analisando pode emergir. Tal isolamento pessoal permite espaço para algumas experiências incomunicáveis, que alimentam todos os movimentos psíquicos.

Figueiredo sustenta, ainda, a dialética
existente entre implicação e reserva, ou seja, a dialética do movimento do analista e do analisando de ‘estar com’ (presença) e de ‘deixar-se fazer pelo outro’ (ausência), o que designa uma relação complexa.

Dessa forma, de acordo com o autor, o analista pode "criar e preservar reservas de si mesmo para, nesta presença reservada, nestas ausências, se instalarem os espaços de processo de cura”, o que nos deixa a pensar: seria a análise o manejo de um lugar?

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Caroline Pinto Paiva
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Referência:
FIGUEIREDO, Luís. Claudio. As diversas faces do cuidar: novos ensaios de psicanálise contemporânea. São Paulo: Escuta, 2009.

16/03/2022

Antes mesmo de nascermos são despejadas em nós expectativas do que devemos ser.

Ao longo do processo de socialização sentimos na pele a imposição de padrões e, consequentemente, a necessidade de cabermos em rotulações.

Sendo assim, é possível nos livrarmos dessas amarras que anulam o nosso gesto espontâneo?
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Caroline Pinto Paiva
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11/03/2022

O trecho da imagem é do poema chamado "Uma litania pela sobrevivência" (tradução de Ricardo Domeneck), escrito por Audre Lorde.

É uma passagem que conheci em uma aula e muito me toca, me faz refletir acerca da nossa voz, sobretudo nós mulheres.

O quanto somos silenciadas pelos medos.

O quanto somos julgadas quando não calamos e quando calamos.

O quanto somos incompreendidas, invalidadas e questionáveis.

O quanto precisamos nos justif**ar, "falar com jeitinho".

E, o quanto tudo isso é uma ladainha, afinal não há escapatória quando se é mulher.

Ouça, acompanhe, consuma, leia, indique as nossas vozes, temos muito a dizer.

🍂 Aproveito para convidá-la a conhecer a escritora Audre, mulher feminista, ativista, negra, lé***ca. Uma das pioneiras do conceito de feminismo interseccional, termo que expliquei esses dias no stories.

Ela quem cunhou (em torno de 1980) a ideia de autocuidado para mulheres, a qual apesar do esvaziamento e mudança de sentido, é utilizado até hoje. E nos serve de reflexão: Qual é o tipo de autocuidado a que me refiro?
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Caroline Pinto Paiva
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08/03/2022

É com essa canção de Julia Branco (Álbum: Soltar os Cavalos, 2018) intitulada "Sou forte" que venho homenagear à nós, mulheres, sinônimos de fortaleza.

E, o meu desejo para nós é resiliência, resistência, força, autoconfiança, liberdade.

Que nenhum medo seja maior do que a mulher que somos.

Que nada venha a nos calar, nos parar, nos prender.

Mas também, desejo que possamos acolher as nossas vulnerabilidades, que nos permitamos sentir, que nos priorizemos, que tenhamos alguém para abraçar, que nos autorizemos a descansar.

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Caroline Pinto Paiva
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02/03/2022

Em Psicanálise, a única orientação dada pelo analista é que o analisando possa, à medida do possível, falar o que lhe vem à mente, sem censuras do que seria importante. A isso chamamos de associação livre, proposta de Freud.

Tal processo é manejado pelo analista, que atentamente observará os atos falhos, sonhos, sintomas, esquecimentos, vias pelas quais o inconsciente se revela.

Lacan dirá, então, que escutamos no discurso as palavras que manifestam uma verdade, uma descoberta, um sentido. Não à toa, denomina o texto dessa citação de "A verdade surge da equivocação".
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Caroline Pinto Paiva
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Referência da citação:
LACAN, Jacques. A verdade surge da equivocação [1954]. In: ______. Seminário 1. Rio de Janeiro: Zahar, 1986, p. 302.

23/02/2022

A opacidade ou parcimônia do analista não diz respeito à frieza na relação com o analisando. Entretanto, é necessária uma postura de distanciamento emocional, a fim de evitar "misturar-se" com a história do outro.

Além disso, a sua função especular visa que o paciente possa revelar seus conflitos e conduzir a sessão, a partir de elaborações próprias, e não imposição de interpretações possivelmente invasivas.

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Caroline Pinto Paiva
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Referência da citação:
FREUD, Sigmund. Recomendações ao médico que pratica a psicanálise [1912]. In: ______. Obras completas, volume 10. São Paulo: Companhia das letras, 2010, p. 119.

18/02/2022

Ora, há como um(a) analista/psicólogo(a) descolar-se do seu papel?

Referência da citação:
MINERBO, Marion. Novos diálogos sobre a clínica psicanalítica. São Paulo: Blucher, 2019, p. 58.

15/02/2022

Brasileira, nordestina, resistência. Uma das primeiras mulheres a se formar em medicina, Nise da Silveira dedicou-se à psiquiatria sem nunca aceitar aos métodos agressivos de tratamento psíquico. Revolucionou as práticas de cuidado utilizando a arte como representação dos afetos e expressão de conflitos.

Nise, que você esteja sempre viva em nós 🌹

15 de fevereiro - Aniversário de Nise da Silveira

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10/02/2022

Na sociedade imediatista e normatizante em que vivemos, fugir a regra da psicopatologização é enveredar pela via de (re)conhecer o sujeito em suas potências inatas.
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Referência da citação:
WINNICOTT, Donald W. Amamentação como forma de comunicação [1968] In: ______. Bebês e suas mães. São Paulo: Ubu Editora, 2020, p. 36 - 46.

09/02/2022

Sobre o fazer do analista, Freud em Construções em análise (1937):

"Seu trabalho de construção, ou, se preferir, de reconstrução, assemelha-se
muito à escavação, feita por um arqueólogo, de alguma morada que foi destruída e soterrada, ou de algum antigo edifício."

Dessa forma, a investigação clínica em Psicanálise é um trabalho artesanal feito à quatro mãos, do analista e do paciente.

É, então, na psicoterapia que se busca pelo objeto de estudo, sem protocolos e interpretações padronizadas, e sim na delicadeza de manejos individualizados perante às necessidades de cuidado de cada um.

Assim, proponho meu trabalho em atendimentos psicoterápicos para crianças, adolescentes e adultos. Atendimentos realizados nas modalidades Online e Presencial. Para saber mais, confira o link da bio.

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Caroline Pinto Paiva
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08/02/2022

Minha trajetória iniciou na graduação de Psicologia, onde acessei conhecimentos teóricos e práticos e vivenciei experiências diversas que carrego comigo e, hoje, integram a minha prática profissional.

Transitei pela Psicologia Hospitalar e Psico-oncologia, na qual aprendi um novo olhar perante a vida e a morte, a esperança e a dor. Afinal, como diz Luís Fernando Veríssimo: "Embora quem quase morre esteja vivo; quem quase vive, já morreu”.

Passeei pelos caminhos de Reich, criador da Psicologia Corporal. Aqui pude extrair a potência da vida e da unidade que somos a partir de corpo e mente, compreendendo a expressividade do corpo também como ferramenta de comunicação.

Desfrutei da presença e do encontro que as Intervenções em Grupos promovem. Dessa maneira, descobri que a melhor forma de lidar com o inesperado e a imprevisibilidade do ser humano é apostar na escuta das entrelinhas e no acolhimento do que nos é mais íntimo.

Encontrei força nos estudos da Psicologia Social para sobre(viver) às estruturas da sociedade e, mais do que nunca, (des)construir os meus saberes (ou o que eu acreditava saber).

Estive no território do brincar e entendi que, certamente, a imaginação e a criatividade seriam recursos fundamentais para o meu fazer, pois a experiência da Ludoterapia, não só com o público infantil, é a representatividade do movimento dialético entre o nosso interno e o externo.

Descobri que o amparo é o maior de todos os conselhos para aquelas que são o início da vida. Então, dedico-me ao aprofundamento das questões da Psicologia Perinatal e da Parentalidade.

Enfim, me reconheci, após muito negar, enquanto analista e busco desbravar o inconsciente com base na Psicanálise. Perspectiva essa, que me apresentou a Winnicott, teórico que me encanta a cada leitura por seu trabalho de descrever a natureza humana e os efeitos terapêuticos das relações.

Assim, experienciei rumos diferentes e fiz um rico percurso até aqui, o que me permitiu construir um clínica permeada de acolhimento, ética do cuidado, leitura de mundo, criatividade, sustentação e compromisso com a escuta respeitosa.

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Caroline Pinto Paiva
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